Historia com fim

Ela todo dia, na mesma hora, pegava o seu rolo de lá e pacientemente com a sua agulha fazia um nó e depois outro e depois outro.  Ele de longe a observava e um dia se interessou na sua tarefa e pegou um fio de outra cor e junto a ela por um tempo teceram nó traz nó.  Todo dia ele ia e passava algumas horas com elas, as vezes não conseguia mas arranjava um jeito de ir lá e tecer mais um pouquinho, só pela vontade de ver ela.

Ao faze-lo juntos a tarefa tomou outras nuances, outras cores, as vezes ela tagarelava uma música, outras ele olhava ela nos olhos e suspirava.  Com o tempo se apaixonaram e deixaram que o tempo passasse enquanto teciam a sua história. 

Um belo dia, um dos rolos acabou e ele precisava encontrar outro, nesse momento ele saiu de perto e foi busca-lo.  Nesse afastamento ele se distraiu com outras coisas, a sua vida, as suas dificuldades.  Ela o perdeu de vista e ficou ali esperando, mas continuou a sua tarefa de nó por nó, sem entender o que estava acontecendo, porque demorava tanto?

Ela tinha bem claro o que estava fazendo, a colcha estava ficando linda, e a cada nó era plasmado nela um momento de alegria, de histórias, de comidas, de cafê, de músicas, de risadas.  Aquela colcha que um dia decoraria o seu quarto que ela planejou sozinha mas que agora ao ter a cor dele, tinha virado o plano deles sem que ele o soubesse.  Mas ele não sabia do seu plano, não via o todo, para ele eram apenas nós.

O tempo passou e ela terminou a sua obra, ele ainda não voltava.  Então, ela parou e pergunto: 

- Ele voltaria?  

- Não, ele respondeu.

Fim.

Sendo Eremita

 Vai lá dentro e busca as respostas, disse ela pra mim.  

Eu já sei que essa é a melhor forma de achar o caminho mas nem sempre é fácil entender.. há tanto barulho de fora que fica confuso, então o que se faz? vai com calma, pouco a pouco sentindo e acomodando, tirando uma peça do quebracabeças e colocando outra no lugar ou troca duas próximas para ver se faz sentido, sentindo e ajustando, não há outra forma.  A chave do sucesso? paciencia, paciencia que não tenho, não gosto.. tenho tanta dificuldade na espera, só muita ação... pin pa pun e foi!.   Mas já me ferrei tanto na ação, que tenho que experimentar um jeito diferente.

Essa é a lição da minha vida, paciencia ahh e colocar limites. 

Para isso, preciso definir as fronteiras e o caminho e responder algumas perguntas: O que você quer? O que você espera?  Realmente acha que esse é o caminho? Até onde você está disposta a ir? Está disposta a deixar ir?  São perguntas simples na estrutura mas complexas na resolução, especialmente quando se envolve emoção.  Tentando tirar a emoção mas é difícil, tenso, peludo, chato.  O que seria da vida sem a emoção? apenas um jogo de xadres sem graça.

Então, após alguns dias muito para fora e acessando emoções que para mim estavam mortas há muito tempo (só que não), me coloco essa tarefa: silenciar o externo para ouvir o interno, andar como o eremita na busca do caminho com uma luz numa mão (no natal várias luzes coloridas) e uma garrafa de vinho na outra rsrs.  

Aprendi com o R. que o Eremita ensina e aprendendo a ficar bem consigo mesmo, sozinho conseguimos ouvir essa vocezinha do interior que sabe o caminho.  Mas é esse mesmo eremita que está me afastando dele.. então começo a busca para dentro para ter certeza.

O que será que vou encontrar nessa busca para dentro? Veremos..

Ultimo dia de terapia

 Uma casa não se constrói da noite pro dia e as coisas precisam de tempo para crescer e dar frutos.  Esse é o aprendizado em 2023.. e continuando a analogia com plantas, as vezes precisamos cortar algumas folhas para que a planta fique bonita, se recupere, se fortaleça, quantas folhas cortei que estavam penduradas e secas faz séculos e essas folhas deixavam a familia doente, nós todos adoecemos juntos.

A percepção clara disso veio quando semanas depois as crianças pararam de adoecer e mesmo com resfriados, e virose, eles ficaram mais fortes e eu fiquei mais forte.

Então, hoje na ultima sessão de terapia do ano fiquei emocionada ao lembrar por tudo que passamos e como terminamos o ano melhor do que começamos, embora ainda fique um rastro de tristeza pelo fim de ciclo e dizer adéus a antigos sonhos, o balanço puxa mais para o positivo e há sim esperança no futuro que se aproxima.

A poucos dias do evento mais importante do ano e quizas o ultimo do fechamento na área que estou, estou emocionada pelas conquistas, frutos colhidos, vinculos criados e relacionamentos construidos.

Este ano foi mto mto importante para mim como mulher, mãe e profissional, foi o ano da virada de jogo, de empoderamento e auto confiança e o ano do amor, do autoamor e o amor nas suas multiplas formas.

O que vem em 2024? bem, transformação a nivel profissional e pessoal, e quem sabe um bom e firme amor.

Tiempo de balancetes

Hace algunos días que quiero escribir pero le huyo a las ganas de hacerlo y me pierdo de mi, de la voz que me habla a mi misma algunas verdades que fingen no existir.

Es final de año y habitualmente esta época viene cargada de emociones, balancetes, recuerdos y memorias. Y en el medio de las memorias y recursos pienso en tanto que tengo a agradecer, tantos encuentros a lo largo de este año y tantas transformaciones/ cambios.

Siento como cuando se está con una piel nueva, una piel que es bonita pero que aún no está bien acomodada.. difícil acostumbrarse al desconforto que trae salir de la caja pero era aún más difícil estar en la misma piel cayéndose a pedazos.

Aunque tenga plena conciencia de eso, aún no me acostumbro a mi nueva piel, a veces me veo y no me encuentro, no me siento.. que cosa tan rara.

Una cosa es cierta, un chocolate revive sentimientos que estaban cerrados y aparecen como antes, intocables.