Wednesday, July 19, 2023

Ibirapuera



Na imensidão das profundezas do desconhecido,

me sumerjo em mim, nos meus medos

nos meus anseios e devaneios.

Olho para o meu pasado, ausente, distante,

agora presente,

que me mostra onde eu causei a minha própria dor.

E me olhando no espelho meses atrás, 

me vejo triste, morta em vida

e ao mesmo tempo,

conformada com o meu apocalipsis.

Vejo a mim mesma assistindo o meu funeral,

apoiada na janela de ferro com flores.

Vejo também a mulher que fui com a sua força

e seu esforço para ficar ali rígida e pulsante 

como devem ser as mulheres da família.

E então volto a mim, 

hoje neste mesmo lugar,

onde renasci há 13 anos atrás.

E de frente ao lago, 

sentada na grama, 

reúno forças de onde eu não tenho.

As concentro nas minhas entranhas, 

nas raizes de mim mesma.

E respiro, transpiro, 

transformo a raiva, a dor, a morte,

em luz, tranquilidade, 

paz e amor que cura.  

Hoje, recomeço,

no mesmo lugar de 13 anos atrás, 

Ibirapuera.


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